Processamento das Emoções

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      As emoções são responsáveis por desencadear tensões no nosso organismo que, por mais que tentemos escondê-las, se traduzem em tremores, “frio no estômago”, dor de barriga, choro, rir sem parar, arquear as sobrancelhas, perder a voz, bem como outros movimentos que muitos de nós já terão experimentado.
     Etimologicamente, a palavra emoção provém de duas palavras latinas – ex movere  que significam “em movimento”. Faz sentido, dado que uma emoção é um “conjunto de reacções corporais (algumas muito complexas) face a certos estímulos”, como expressa António Damásio, um dos neurocientistas mais famosos do mundo.

     No período da Grécia Antiga, até meados do século XIX, acreditava-se que as emoções eram instintos básicos que deveriam ser controlados sob pena de o homem ter a sua capacidade de pensar seriamente afectada. O primado da racionalidade, que dominava as diversas ciências sociais e humanas, pretendia que as emoções fossem interpretadas como um entrave ao funcionamento adequado da razão, nomeadamente do pensamento.
    
No entanto, a partir do século XX, as investigações produzidas sobre a emoção levaram-nos a um outro entendimento: a emoção passou a ser considerada uma qualidade, desde que o indivíduo que a esteja a sentir compreenda e tenha consciência do seu estado. A emoção permite, assim, desenvolver a capacidade de relacionamento do indivíduo no e com o mundo. Aliás, as emoções apareceram na História da Humanidade como meio eficaz de comunicação, anteriormente à linguagem.

     Dada a grande multiplicidade de teorias que reflectem a dificuldade em sintetizar numa definição a complexidade das emoções, podemos, de uma forma geral, definir emoção da seguinte forma:
     Estado mental e fisiológico, breve e espontâneo, associado a uma ampla variedade de sentimentos, pensamentos e comportamentos.
     Modificação dos componentes químicos do cérebro e, consequentemente, da sua estrutura. As emoções vividas vão definindo o que somos, dado que todas as experiências emocionais quotidianas que compõem fisicamente o cérebro criam ou fortalecem as conexões existentes entre os neurónios. Cada momento de medo, de raiva, de felicidade ou de desgosto transformam-nos de maneira mais ou menos duradoura, modificando a nossa estrutura cerebral.


   Emoção difere de sentimento

     Um dos factores que torna distinguíveis as emoções dos sentimentos é a privacidade destes últimos e a exterioridade das emoções. A emoção é pública, observável, tendo uma dimensão comunicacional, enquanto o sentimento está voltado para o interior do ser humano.
     Os sentimentos surgem após tomarmos consciência das nossas reacções corporais, quando estes movimentos são transmitidos a determinadas zonas do cérebro através da actividade neuronal. Nas emoções, conseguimos reconhecer o elemento que as desencadeou, contrariamente aos sentimentos que não se associam a nenhuma causa imediata. Os sentimentos são emoções filtradas através dos centros cognitivos do cérebro, mais especificamente do lobo frontal.


   Emoção e razão

    Actualmente, já se reconhece a ideia de que a razão e emoção não se encontram nos antípodas. O divórcio entre a razão e a emoção é um mito, visto não ter qualquer sustentação científica. É impossível privilegiar a razão sobre a emoção ou vice-versa. Há todo um funcionamento combinado e inseparável entre a razão (cérebro racional) e as emoções (cérebro emocional), uma vez que são as emoções que provocam um determinado pensamento e é este que, por sua vez, provoca uma determinada emoção.
    
Segundo António Damásio, um dos mais famosos neurocientistas do mundo, as emoções não constituem um obstáculo ao funcionamento da razão. Estas estão envolvidas nos processos de decisão: por mais simples que seja o processo, existe sempre uma emoção associada à escolha feita, dado que o córtex cerebral se apoia nas emoções para decidir.

 

   O Cérebro e a formação das Emoções

     No cérebro, o sistema límbico regula as emoções, sendo tão poderoso que pode anular, tanto os pensamentos racionais, como as respostas vitais. A amígdala, centro do sistema límbico, é responsável por qualquer resposta emocional.
    
Na última década, com o rápido desenvolvimento da área das Neurociências, foi definitivamente reconhecida a relevância do papel que as emoções desempenham na vida diária.  O cérebro vive num estado de desequilíbrio dinâmico: por um lado, é impulsionado por energias excitatórias; por outro, por forças inibidoras. Ao longo do dia, esta instabilidade sofre alterações que se reflectem no humor, no estado de consciência e na qualidade do pensamento. Diversos factores biológicos, psicológicos e ambientais intervêm neste processo.

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