Consciência

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      “A consciência, no seu plano mais simples e básico, permite-nos reconhecer o impulso irresistível para conservar a vida e desenvolver um interesse por si mesmo. A consciência, no seu plano mais complexo e elaborado, ajuda-nos a desenvolver um interesse por outros si mesmos e a cultivar a arte de viver.”                                                                       
                                                                                             António Damásio
 



     A palavra consciência deriva do latim conscientia que significa ”conhecimento de alguma coisa comum a muitas pessoas” ou, simplesmente, “conhecimento”. É uma potencialidade do cérebro pouco explorada, pelo que ainda existe muito por desvendar, e o pouco que se sabe é muitas vezes questionável. 
    Actualmente, há quem considere que a consciência é a estrutura mais complexa que se pode imaginar. No entanto, áreas como a filosofia da mente, a psicologia, a neurologia e a ciência cognitiva têm sido essenciais para definir o conceito de consciência, nomeadamente o seu papel e a sua importância na vida do ser humano.   
     A consciência pode ser sucintamente descrita como o organismo do sistema conhecedor humano que está intimamente relacionado com a mente e o pensamento humano. É considerada a função alta da mente, pois implica que o indivíduo seja conhecedor do mundo, estando plenamente ciente dos seus acontecimentos ou factos, de forma a poder participar activa e determinantemente na sua construção histórica. A consciência permite igualmente ao ser humano perscrutar o ambiente, percebendo a relação com ele estabelecida. 
     Em O Sentimento de Si, António Damásio define consciência como a função biológica crítica que nos permite conhecer e diferenciar a tristeza da alegria, a dor do prazer, sentir vergonha e orgulho, chorar a morte ou o amor que se perdeu. Sem ela, nenhum estado pessoal poderia ser conhecido por cada um de nós. António Damásio refere ainda que esta potencialidade cerebral permitiu uma nova ordem de criações no mundo favoráveis à evolução humana. 
     A consciência, em conjunto com a linguagem, permite distinguir os seres humanos dos restantes animais. No entanto, muitos biólogos, quando questionados acerca da origem desta potencialidade, referem que ela veio da consciência dos animais. 
     Segundo Ernst Mayr, biólogo alemão, considerado o Darwin do século XX, a consciência é uma característica moldada pela evolução. Ao analisar o comportamento de outros animais, mais especificamente dos chimpanzés, verificou que certas características indiciam uma forma rudimentar de consciência (presença de memória e riso, identificação de certos objectos através de imagens, etc.). Além disso, todos os animais conseguem ter noção dos acontecimentos que o meio ambiente lhes pode proporcionar, nomeadamente das coisas a que têm acesso e do perigo e confiança a que estão sujeitos. 
     Deste modo, devido ao aumento do córtex cerebral ao longo dos séculos, foi possível diferenciar a consciência humana da animal. Contrariamente aos animais que apresentam uma consciência responsável pela sua sobrevivência (protecção, alimentação e reprodução), os seres humanos apresentam uma consciência que lhes permite envolverem-se com o meio, modificando-o através de processos que se influenciam mutuamente, como a memória, o pensamento, a linguagem e muitas outras nobres acções que fazem do Homem um ser único e incomparável. 
     Assim, os nossos preciosos sentidos são essenciais para que a consciência actue de modo favorável ao ser humano, possibilitando a percepção do mundo exterior através da ligação entre os estímulos externos e as suas associações.
     O modo como o ser humano percepciona e modifica o mundo é determinado pelas condições, modos e focos da consciência.


    Inconsciente
     O termo inconsciente descreve um complexo psíquico de natureza praticamente incompreensível e misteriosa. Define uma zona de psiquismos constituída pela criatividade, paixões, medos, desejos, impulsos, tendências e até a própria vida ou morte.
     Já na Antiguidade se acreditava na existência de actividade cerebral para além da consciência. No entanto, foi Freud quem criou a primeira concepção de inconsciente, demonstrando que o mundo da mente não pode ser reduzido aos conteúdos conscientes e que certos conteúdos só se tornam acessíveis depois de passarem por um estado de inconsciência. O sonho foi o principal factor que permitiu a Freud descobrir o mundo do inconsciente, no qual não existem noções de passado e presente; os seus conteúdos podem ter sido, anteriormente, conscientes ou podem ser, genuinamente, inconscientes.


     Subconsciente
     Se falar sobre o consciente ou inconsciente é uma tarefa complicada, falar do subconsciente ainda mais difícil se torna.
     Subconsciente é um termo utilizado em Psicologia para designar aquilo que está situado abaixo do nível da consciência ou que é inacessível a esta. Também é visto como todas as lembranças que podem ser imediatamente recordadas, assim como as diversas características da nossa personalidade. O subconsciente tem como função sustentar a mente consciente, o reservatório de informações e sensações. Por isso, o subconsciente não é capaz de tomar decisões, embora seja capaz de responder a estímulos do consciente ou dos cinco sentidos.


     Actos Voluntários e Involuntários
     O consciente e o inconsciente coordenam as nossas acções, quer de um modo voluntário ou involuntário. Deste modo, temos:
     Actos Voluntários – actos planeados e executados  dependentes da nossa vontade, pelo que estão directamente relacionados com o consciente. O impulso nervoso é gerado no cérebro e conduzido aos neurónios motores que actuam sobre os órgãos implicados em cada acção. 
     Actos Involuntários - actos que não são pensados antes de serem executados, baseando-se em instintos; estão, por isso, directamente relacionados com o inconsciente. Quando o centro de resposta se situa na medula espinal gera-se um mecanismo automático de resposta.